O Clube dos Anjos Nacional Online
Homens fracassados, promessas não cumpridas. Dez amigos veem sua confraria se desmanchar depois de tantos anos. Porém, a descoberta de um novo cozinheiro traz de volta a sede pela boa mesa. O problema é que, depois dos jantares, um dos membros do grupo morre. Qual o motivo das mortes? E, sobretudo, por que eles continuam frequentando os jantares? Adaptação do best-seller de Luís Fernando Veríssimo.
Integrante da seleção do 50º Festival de Cinema de Gramado, o longa de estreia do fluminense Angelo Defanti, O clube dos anjos, mergulha em universo que ele (atualmente dedicado a um documentário Luis Fernando Verissimo) bem conhece: a literatura de Verissimo. Muito antes de saudar o exercício e a força da construção de uma identidade para o país, por meio do audiovisual (como explicitado no fim do longa), o diretor encerra uma teoria em que deixa claro que “comida é poder”. Não é pouco, para um Brasil que retornou a padrões de insegurança alimentar. Grosso modo, o filme de clima sombrio aposta na nada arrebatadora trama em que fracassados homens — “nunca saciados” — tateiam uma felicidade proveniente da morte.
Na base da ironia, o longa trata de uma realidade para burgueses que veem os prazeres definharem, dado o avanço da idade. O teor visual não alcança nada do radicalismo do clima de destruição e o abandono de civilidade visto em filmes que se esbaldaram em violência e gastronomia como O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante (1989) e A comilança (1973). Mas, O clube dos anjos trata disso — da dissolução de ideais burgueses (mola mestra de fitas como Cronicamente inviável e Animal cordial). A organização de crimes nutridos em suntuosos banquetes e transbordantes em humor irônico é explorado por um grupo de amigos, há 32 anos, imerso em ritualísticos jantares.